A Sega continua a surpreender com a saga Like a Dragon e, desta vez, apresenta um regresso às origens no que diz respeito à jogabilidade mas com um twist: controlamos Goro Majima, um personagem muito acarinhado pelos fãs da série, e temos uma aventura em alto mar com peripécias dignas de um enredo de filmes de piratas e de mafiosos. Será que estaremos na presença de mais um tesouro vindo do estúdio Ryu Ga Gotoku ou este título vai naufragar para o fundo do oceano? Eis o veredito da Squared Potato…
A série Like a Dragon – anteriormente conhecida como Yakuza no ocidente – é, sem dúvida, uma das prolíficas com a chancela da Sega. Em termos da série principal, conta-se nove jogos (sem contar com os remakes Kiwami) e em termos de títulos spin-off, já ultrapassam a dezena. Pirate Yakuza in Hawaii é um título “foge” à linha canónica dos títulos Like a Dragon mas ocorre depois dos eventos de Like a Dragon: Infinite Wealth. No entanto, não considero inteiramente fundamental que se jogue previamente esse título. Eu não joguei Infinite Wealth, no entanto, consegui acompanhar os principais contornos do enredo apresentado pelos estúdios Ryu Ga Gotoku. Não vou mentir: houve algumas partes em que o não consegui acompanhar certos diálogos por falta de contexto, mas não é impeditivo de se poder acompanhar esta viagem como um todo.
Um regresso às origens mas com novidades
Esta saga tem enveredado pelo género RPG no sentido mais estrito da palavra, contudo, este novo jogo regressa às origens beat ’em up. O combate mano-a-mano volta, assim, a ser o foco da jogabilidade e está mais divertido que nunca. No entanto, a veia RPG continua entranhada no seu ADN. Isto é evidenciado com os denominados “random encounters” com inimigos para estimular a progressão do personagem Majima. Juntamente com a acumulação de dinheiro e pontos de experiência, podemos desbloquear novas habilidades de combate e melhorar as stats individuais do nosso personagem, que, por sua vez, podem facilitar o nosso progresso da estória.
Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii começa com Majima, amnésico, a acordar numa praia sem saber para onde ir. Depois de um primeiro confronto com inimigos que serve como tutorial dos controlos de combates para o jogador, o protagonista conhece uma criança chamada Noah e Goro o seu tigre de estimação e, a partir daí, a aventura começa. De forma bastante simples, o jogo dá o mote da estória tal como se tivéssemos a montar as peças de um puzzle e, por essa razão, faz com que a pessoa fique interessada em desvendar o que está por detrás da amnésia do protagonista aliada com a jornada “clássica” de busca por um tesouro ouvido em lendas populares.
Tal como mostrado nos trailers, uma das novidades neste novo jogo do franchise é a inclusão da veia pirata. Isso implica que Majima se tornem, totalmente, num pirata em carne e osso com tudo o que tem direito: um navio e uma tripulação. E o que fazemos com eles? Partimos para a exploração no alto mar onde podemos encontrar tesouros perdidos, podemos defrontar navios inimigos, e, por fim, podemos recrutar mais pessoas para se juntarem à nossa tripulação. Esta “vida de marinheiro” é recheada de várias missões secundárias e tem uma linha de aprendizagem que exige atenção por parte do jogador após várias horas já dispensadas a experienciar Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii.
“A beleza das pequenas coisas”
Apesar de, à primeira vista, a combinação de “piratas” e “yakuzas” não parecer fazer sentido em teoria, o estúdio Ryu Ga Gotoku conseguiu a proeza de juntar ambos em perfeita simbiose. Convém não esquecer que esta saga não é imune à sua dose de rídiculez. Afinal de contas, estamos a falar de Like a Dragon, uma série que consegue balancear seriedade e loucura total sem parecer forçado. A quantidade de missões secundárias que conseguem roçar essa linha ténue é, de facto, uma prova cabal da genialidade deste estúdio nipónico.
A juntar às missões secundárias, temos também uma quantidade significativa de minijogos que podemos explorar nas diversas ilhas que visitamos neste capítulo da franquia Like a Dragon. Todos eles bem desenhados e, com um bónus para fãs de longa data da Sega: jogos de Master System e ports dos jogos de arcade míticos. Neste título, podemos experienciar Virtua Fighter 3 (e a versão 3TB), Fighting Vipers 2, Spikeout e, pela primeira vez, o railshooter Ocean Hunter. É incrível pensar que a preservação de títulos icónicos desta companhia japonesa vão aparecendo nas consolas domésticas, sob a forma de “easter egg jogável”, nos jogos Like a Dragon. Como se costuma dizer: “é a cereja no topo do bolo”.
Visualmente o jogo está muito bem conseguido. Arrisco-me a dizer que, esteticamente, é um dos mais apelativos da saga, devido às paisagens insulares vibrantes. Em termos técnicos, o jogo corre em 60 fotogramas por segundo sem qualquer problema.
Em termos de estória principal, Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawaii , durou-me cerca de 21 horas para chegar ao fim. É verdade que completei algumas missões secundárias pelo meio – e, até joguei umas rondas de Virtua Fighter 3 – por isso, estimo que a duração seja de 19 horas. No entanto, o próprio jogo estimula o jogador em explorar os diversos locais como a ilha do Hawaii ou outras, localizadas em alto mar, à procura de tesouros.
Sem revelando o desenlace da estória, digamos que tem a dose certa de reviravoltas emotivas e com uma pitada da “loucura saudável” que a série Like a Dragon é conhecida. Tal como referido anteriormente, este aspeto é, especialmente, notório nas diversas missões secundárias. Para quem não tem conhecimentos da língua inglesa, o jogo dispõe da opção de legendagem em português.
Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii já está disponível para a PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, e na STEAM para PC.
Agradecemos à editora a cedência de uma cópia para análise para as plataformas Xbox Series