Olá, novo recruta! Sê bem-vindo a um especial Squared-Potato! Se acreditas num mundo em liberdade, apregoas democracia e juras defender os indefesos, então fica sabendo que, graças à grandiosa generosidade da PlayStation Portugal, tens uma leitura obrigatória pela tua frente com uma análise ao novíssimo Helldivers 2 em dose dupla: uma da versão PC pelo je, Ulisses Domingues e outra da versão PS5, com autoria de Bruno Vieira. Dado que esta espécie de combinação one-two à lá Mike Tyson nem sempre sucede; um dois-em-um como as cápsulas para a máquina de lavar loiça, o texto em baixo estará estruturado de forma fora do habitual. A peça do Ulisses estará sempre formatado à esquerda, com a do Bruno à direita.

Análise: Um grupo de robôs parados em frente a um prédio com fogo e fumaça lembra cenas do jogo Helldivers 2.
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/en-us/games/helldivers-2/

Um grupo de pessoas está lutando em uma área nevada.
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/en-us/games/helldivers-2/

Abstive-me de detalhes adicionais, pois além da LIBERDADE ou DEMOCRACIA LIDERADA, não há mais a ser explorado, mas Stephen Flowers, responsável pela história do videojogo, promete muito neste departamento. Quiçá, imagino eu, usufruindo da capacidade de desenvolver Helldivers 2 num GaaS (Games as a Service) como um ponto positivo, onde o enredo principal é conduzido pelas ações dos jogadores enquanto comunidade. Logo, ao contribuírem para a Galactic War, mecanismo principal que veicula a narrativa, concluindo missões e objetivos, o enredo prossegue por esta via e também pelas atualizações gratuitas iminentes.

É empolgante saber que os sucessos individuais contribuem para um resultado coletivo, prometendo, com o passar do tempo, uma sensação refrescante através desta Galactic War. Afinal de contas, caso pare de jogar Helldivers 2 (pouco provável) e volte mais tarde o foco do enredo poderá ser outro, com objetivos mais ou menos interessantes. Tendo em conta o sucesso do título (perto de 460 mil jogadores no dia 21 de Fevereiro na Steam) esta mecânica parece assegurada, e será interessante assistir de perto os desenvolvimentos ao longo do ano.

Análise: Helldivers 2 apresenta um grupo de pessoas atirando em um ambiente escuro.
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/en-us/games/helldivers-2/

Sem sombra de dúvida, um dos pontos mais fortes de Helldivers 2 é a sua coesão narrativa, com um enredo repleto de pompa e circunstância humorística. Todos os cantos do jogo, desde o início, gritam por um patriotismo irrisório, criando uma dualidade contraditória: tanto estamos coletivamente a lutar pela Super Earth, como o valor individual é brutalmente desvalorizado. Isto verifica-se por várias ocasiões durante o nosso serviço à pátria, mais concretamente no início quando uma transmissão falsa indica que o típico Helldiver está 27,1% pronto para combate com 97,4% de patriotismo.

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Isto está intimamente ligado ao tutorial inicial, uma lição que mescla o tom ridículo com a seriedade e absurdez do contexto. Para além disso, ao contrário do clichê do super soldado, Helldivers são indivíduos muito mal preparados a todos os níveis e isto sente-se na jogabilidade, não só pela fragilidade física da nossa personagem, mas também pela incapacidade de destruir como, por exemplo, um Master Chief da franquia Halo. Diga-se de passagem que o termo correto seria carne para canhão, representado pelo sistema de respawn durante a jogabilidade principal, onde a personagem encarnada é simplesmente substituída por outro candidato ansioso, entregue no campo de batalha via pequeno drop pod.

Análise: Um homem caminha por um gramado com uma fogueira ao fundo.
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/en-us/games/helldivers-2/

Uma captura de tela do videogame Helldivers.
Captura de ecrã retirada de https://www.igdb.com/games/helldivers-2/presskit

Felizmente, para bem deste planeta terra futurístico, os Helldivers não são peças totalmente inúteis de um xadrez intergaláctico, graças a um recurso chamado Stratagems. Utilizá-los invoca benesses como, por exemplo, artilharia aérea numa zona à escolha, munições preciosas para continuar a distribuir altas rodadas de democracia por segundo, ou até torres de metralhadora automáticas. No entanto, atrelada a essa escolha vêm desafios, como períodos de espera (cooldowns) entre utilizações e a introdução de combinações de teclas, algo que só pode ser feito com o Helldiver parado. Estes dois elementos criam situações de stress, especialmente durante um tiroteio intenso ou uma retirada estratégica cem por cento heroica.

Dito isso, Helldivers 2 destaca-se pela sua experiência cooperativa que enfatiza fortemente a coordenação entre jogadores, onde a falta dela, especialmente em dificuldades mais elevadas, frequentemente resulta em situações aleatórias, hilárias e caóticas, com algumas frustrações causadas por jogadores mal-intencionados. Embora seja possível jogar sozinho, pelo menos nas primeiras missões onde o nível de dificuldade é baixo, rapidamente torna-se desafiante pelo intenso assédio hostil sentido em grande escala, seja pelos Terminids ou Automatons (máquinas de guerra). Posto isso, dado que os níveis de dificuldade mais altos são quase impossíveis para jogadores solitários, isto limita em boa quantidade o conteúdo desbloqueável.

Análise: Cena de Helldivers 2 mostrando um grupo lutando contra um monstro ameaçador.
Captura de ecrã retirada de https://www.igdb.com/games/helldivers-2/presskit

Análise: Um videogame com um soldado armado em um campo gramado, possivelmente o aguardado Helldivers 2.
Captura de ecrã retirada de https://store.steampowered.com/app/553850/HELLDIVERS_2/

Para os míticos jogadores a solo (e mesmo em matchmaking), a dificuldade pode ser ajustada para se adequar a diferentes níveis de habilidade, e a inclusão de Stratagems (habilidades especiais como ataques de mortares ou uma simples care package com armas ou munições) permite várias abordagens ao combate. Embora possamos ajustar a dificuldade, creio que em certas alturas os picos são bastante díspares, mesmo no grau “Normal”, onde morremos por simples atropelamento de inúmeros Terminids, sem qualquer possibilidade de metermos as nossas capacidades à prova.

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Quando conseguimos entrar podemos escolher entre várias missões, desde a erradicação de ninhos inimigos até à extração de recursos valiosos, o que claro, traz sempre consigo uma matança de tal escala que não sei como é que o CPU da minha Playstation ainda não fritou. Os objetivos focam-se sempre em ações simples, pois o foco de Helldivers 2 é a imprevisibilidade ambiental. Tanto podemos ter uma missão pacata como num objetivo secundário morrermos treze vezes porque fica ao pé de um ninho de inimigos gigantes. Isto obriga-nos a incluir planeamento táctico antes de aterrarmos nos planetas, pois podemos escolher onde aterramos, e uma escolha mal feita pode significar morte imediata.

Análise: Uma cena de videogame com um foguete no meio de uma paisagem rochosa que lembra Helldivers.
Captura de ecrã retirada de https://www.igdb.com/games/helldivers-2/presskit
Uma captura de tela de videogame de um homem segurando uma arma de Helldivers.
Captura de ecrã retirada de https://store.steampowered.com/app/553850/HELLDIVERS_2/
Um grupo de Helldivers 2 em uma floresta armados.
Captura de ecrã retirada de https://store.steampowered.com/app/553850/HELLDIVERS_2/

CONCLUSÃO
Caótico
8
Ulisses Domingues
Desde muito cedo um confesso apaixonado pelos mundos da PlayStation e consolas Nintendo. No entanto a vida dá muitas voltas e agora o seu amor foca-se nas novas Xbox Series. Nada como paixão à primeira vista, não é verdade?
helldivers-2-analiseO primeiro GaaS da Sony é um sucesso estrondoso e uma explosão no mundo dos videojogos. Não só é adorado pela crítica (nós!) assim como pelos seus jogadores, seja pelo ridículo dos seus temas ou pelo simples ciclo de jogabilidade sólido. É curioso constatar isto, pois em momento algum houve sobre-promoção do título, e as promessas da Arrowhead sempre foram mais do que sinceras, tal forma que o sucesso encheu os servidores além das expectativas e criou algumas complicações nas primeiras semanas. Para além disso, é um videojogo focado no seu aspeto cooperativo, para o bem e para o mal, com a diversão em conjunto a ser tão divertida quanto caótica, mas prejudicando bastante os jogadores a solo. Contudo, com um excelente preço a €39,99 Helldivers 2 é uma recomendação fácil e merecedora do tempo de quem equaciona dar uma oportunidade à luta pela democracia e liberdade.